Os Watsons são uma narrativa deliciosa, aliciante, muito bem realizada, que teria sido sem dúvida igual aos outros romances de Jane Austen, se ela a tivesse simplesmente terminado. Nela, Jane retoma a história preferida de todos nós e dela própria – a história da moça pobre cortejada por um príncipe e que, apesar de todos os obstáculos, acaba por esposá-lo e viver feliz com ele até a morte. No caso presente, a história se complica pelo fato de a heroína, Emma Watson, ser igualmente uma herdeira frustrada em suas esperanças, de ser órfã desde o início da novela, além de recusar abertamente seu príncipe em favor de um partido de condição inferior. É uma situação que oferece mil possibilidades e a heroína promete muito, por ser uma mistura feliz de Elizabeth Bennet (constrangida por uma família vulgar), de Fanny Price (órfã no exílio) e de Emma Woodhouse (herdeira desdenhosa). Tudo teria podido se arranjar de maneira maravilhosa e ficamos nos perguntando porque Jane resolveu abandonar o projeto depois de haver escrito apenas uma meia centena de páginas.
JSL.
Novela começada por volta de 1803-1805
Primeira edição: 1871
SANDITON
Sanditon, a última obra de ficção escrita por Jane Austen, tem, sob certas aspectos, diferenças marcantes em relação aos seus livros anteriores. Pode-se facilmente imaginar o que poderia vir a ser Os Watsons, se ela o tivesse terminado, ao passo que Sanditon admite pensar que ela poderia tender a novas direções perfeitamente inesperadas.
A redação desta novela pode ser rastreada com enorme precisão. Jane começou a escrevê-la em janeiro de 1817 e ela própria datou o manuscrito: a última página tem a data de 18 de março de 1817, A autora morreu em julho desse mesmo ano. Havia pelo menos um ano que sofria do mal de Addison, uma afecção na época incurável e desconhecida, com a saúde declinado rapidamente durante o tempo em que escrevia Sanditon. Não é de se admirar, portanto, que os problemas de saúde encontrem tão grande relevância nesta novela – o que pode surpreender é a maneira com que ela trata o assunto.
JSL
Novela iniciada em janeiro-março de 1817
Primeira edição: 1925
SANDITON
O Prato principal – Novelas Inacabadas – será servido na próxima quinta-feira, dia 25 de abril, às 18:OO, no CCBB
Querido senhor Ivo,
Sanditon teria sido, na minha opinião, um livro e tanto não tivesse nossa querida Jane Austen partido.
Sobre os Watsons tenho sempre em mente o período difícil da vida da autora com a perda do pai. Mas gosto de imaginar que guardava o manuscrito para “quem sabe um dia”…
Foi realmente um prazer participar do livro Novelas inacabadas. Um abraço,
Prezado Sr. Ivo, estive no lançamento, ocasião em que pude lhe encontrar pessoalmente. Considerava-me uma amiga virtual da Raquel, então queria muito conhece-la pessoalmente. Gostaria de agradecer pela sua participação no debate tão interessante sobre Jane Austen. Conheço estes textos em inglês e tenho agora a oportunidade de os conhecer na sua versão (ainda estou na leitura da apresentação). Sanditon realmente é um romance que prometia muito. Acho muito interessante na verdade que ele seja inacabado, pois podemos conjecturar qual seria o desfecho, embora a imaginação de Jane sempre terá sido melhor que a minha. Mas tenho também grande predileção por Lady Susan e me pergunto porque teria ficado de fora (esqueci-me de fazer esta pergunta lá no CCBB). Enfim, obrigada.
ps: apenas a título de curiosidade, fiquei sabendo ao assistir minissérie recente sobre JFK que ele também sofria de mal de Addison. Mas enquanto a doença de Jane foi provavelmente causada pela tuberculose, a de JFK era autoimune. Mas em qualquer caso, os sintomas são terríveis, portanto fico muito admirada que Jane tenha conseguido ainda escrever e JFK governar o mundo.
Prezado Ivo, gostaria de lhe agradecer pela dedicatória em meu livro (ainda está chegando pelos correios) que você deixou nas mãos da Anna Katharine JASBRA-RJ! Eu viz um post hoje com as fotos do evento: http://www.janeaustenbrasil.com.br/2013/04/tercas-mini-entrevista-com-ivo-barroso.html