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Archive for fevereiro \28\-03:00 2018

A VOLTA DO JOTABÊ


Recebo a nova edição do JB em papel como quem abre a porta a um parente querido que esteve em viagem por terras distantes. Membro de nossa família literária, participou da minha formação e foi meu  momento de glória com a estreia no jornalismo da capital. Lembro-me do tempo em que era feito só de anúncios nas primeiras páginas, com pouco material jornalístico ou literário nas outras. Mas eis que em 1958 houve um dia em que dois jovens, Reynaldo Jardim e Amilcar de Castro, tiveram carta branca para transformá-lo num veículo de comunicação dinâmico e atuante. No corpo do jornal modernizado, surgiu, pouco depois, um Suplemento Dominical, inteiramente aberto à literatura, que veio preencher o lugar amorfo antes tomado por receitas culinárias ou notícias de espetáculos de balé. Passou a ser leitura obrigatória, não só para mim como para todos os jovens escritores da minha geração, tornando-se imediatamente o veículo cultural de maior circulação no país. Nele pontificavam, além do Reynaldo, os jovens poetas e críticos Mário Faustino e Ferreira Gullar, grandes divulgadores de poesia e artes plásticas. Um banho de arte, cultura, ensinamentos e provocações que nos era proporcionado aos sábados, por esse suplemento inusitado que se dizia dominical. Faustino se tornara o grande divulgador da poesia séria, das grandes traduções, do conhecimento teórico da arte de escrever, além de dar oportunidade aos jovens numa seção denominada “O Poeta Novo”, em que divulgava trabalhos de qualidade que lhe eram enviados pelos leitores.   Mas havia também “O Poeta Traduzido”, em que nos trazia poemas de grandes escritores franceses, ingleses, alemães, em geral traduzidos por ele próprio. Um dia, meu entusiasmo conseguiu superar minha timidez e mandei para ele a tradução de um soneto de Rilke, que eu fizera a duras penas, catando as palavras no dicionário. Para minha surpresa, Faustino publicou meu trabalho na própria seção “Poeta Novo”, afirmando ver numa tradução o mesmo trabalho de criatividade patente num poema original. Claro, corri à redação para agradecer o elogio e a honra e acabei me tornando colaborador permanente do Suplemento. Por indicação de Reynaldo, passei  a frequentar diariamente a redação, participando da escolha da pauta e tendo poemas meus estampados na primeira página. Pouco tempo depois, surgiu o movimento concretista que provocou grande celeuma intelectual em todo o país, mas havia igualmente uma espécie de revolta por parte dos antigos (idosos) colaboradores do jornal, que faziam permanente pressão para que o suplemento voltasse ao seu ramerrame do passado…

Depois disso, o jornal passou por várias fases, mudou de direção algumas vezes, andou fora do ar, até que em 2005 teve uma sobrevida (que infelizmente durou pouco) durante a qual mantive uma coluna de crônica semanal. Com poucos meses, suspiramos e expiramos juntos.

Pois, ei-lo agora de volta, potente e glorioso, prometendo uma vida longa e próspera, digna de suas glórias do passado. Que assim seja!


ANTOLOGIA POÉTICA DA GAVETA (3)

(1872-1948)

poeta friburguense

 

Este era um poeta que não faltava nunca em nossas antologias: Júlio Salusse, conhecido como “o poeta dos cisnes”, em função do soneto admirável, que transcrevemos abaixo. Verdadeira obra-prima do romantismo brasileiro, estes versos acabaram por obscurecer toda sua obra poética igualmente importante.

 

Os Cisnes

A vida, manso lago azul algumas

vezes, algumas vezes mar fremente,

tem sido para nós constantemente

um lago azul, sem ondas nem espumas.

 

Sobre ele, quando, desfazendo as brumas

matinais, rompe um sol vermelho e quente,

nós dois vogamos indolentemente

como dois cisnes de alvacentas plumas.

 

Um dia um cisne morrerá, por certo.

Quando chegar esse momento incerto,

no lago, onde, talvez, a água se tisne,

 

que o cisne vivo, cheio de saudade,

nunca mais cante, nem sozinho nade,

nem nade nunca ao lado de outro cisne.

 

Nota: Em quase todas as transcrições que encontramos deste soneto, o segundo verso diz “sem ondas, sem espumas”; acreditamos, contudo, que a forma “sem… nem”, por ser mais eufônica, haveria de agradar ao ouvido sensível do poeta. Também, no sétimo verso, aparece o tempo verbal “vagamos”, o que é certamente um erro de imprensa, já que, em se tratando de um lago, o verbo adequado será sem dúvida “vogar”.

 

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OS POETAS ‘ESDRÚXULOS’

Em 15.03.2014 prometi aos leitores da Gaveta criar uma antologia poética para a divulgação de versos que, no meu tempo, eram considerados de “primeira linha”, e já na semana passada comecei a cumprir o prometido. Mas queria também divulgar o trabalho daqueles que poderíamos denominar “poetas esdrúxulos”, não pelo teor de suas composições, mas por causa dos nomes estranhos ou pseudônimos com que assinavam seus versos. Entre estes, arrolamos logo de saída, Judas Isgorogota, Sosígenes Costa, Euríclides Formiga, Cleômenes Campos, Junquilho Lourival, Emiliano Perneta, Otoniel Beleza, Pethion de Villar, Petrarca Maranhão, Pretextato da Silveira, Segundo Wanderley… Se Judas Isgorogota e Pethion de Villar eram evidentes pseudônimos, respectivamente de Agnelo Rodrigues de Melo, alagoano, e de Egas Muniz Barreto de Aragão, baiano, todos os outros – pasmem! — são nomes verdadeiros, Aliás, o Egas Moniz nem precisava daquele Pethion de Villar, pois seu próprio nome já soa como pseudônimo. Todos esses estranhos/esquecidos compuseram versos considerados “de primeira linha” em seu tempo e figuram em várias antologias e florilégios até hoje. Quanto aos temas, eram em geral versos de amor, de conquista ou de saudade, vez por outra apelando para uma filosofia ingênua. Mas há o caso daquele Segundo Wanderley (1860-1909), poeta abolicionista norte-rio-grandense, que escreveu um incrível soneto intitulado “Amor de Filha”, dedicado a Pedro Avelino (?), personagem que deu nome a uma cidade do Rio Grande do Norte, mas sobre o qual ainda não consegui nenhum dado. Voltaremos a ele no futuro.

Vamos começar nossa antologia dos poetas “esquisitos” com

 

JUDAS ISGOROGOTA (1901-1979) – poeta alagoano

Chamava-se Agnelo Rodrigues de Melo e adotou o pseudônimo nas seguintes circunstâncias, conforme consta de uma entrevista: Autor de versos humorísticos numa revista em que desancava todo mundo, principalmente seus desafetos, resolveu adotar um nome literário para se livrar das represálias. “Judas”, na tragédia bíblica, simboliza o “homem possível”, da mesma maneira que Jesus representa o “homem perfeito”. Judas bem poderia servir de nome de guerra para um poeta que queria “judiar” com as pessoas. Assinei, por isso, Judas Isgorogota. O Isgorogota nada mais é do que simples corruptela de “Iscariotes”.

(Judas Iscariotes, como se sabe, era o nome do discípulo que traiu Jesus Cristo; Cariotes o de sua cidade natal). Conceituadíssimo como poeta e escritor no meio literário da capital paulista onde vivia, Agnelo Rodrigues teve vários livros publicados e seus versos traduzidos para mais de oito línguas.

 

 

DIVINA MENTIRA

 

Pobrezinha da mãe que teve um filho poeta

E o viu cedo partir para as bandas do mar…

Nunca mais que ele volte à mansão predileta,

Nunca mais que ela deixe, um dia, de chorar…

 

É como a água de um lago, inteiramente quieta,

A alma de toda mãe que vive a meditar:

O mais leve sussurro é-lhe um toque de seta,

A mais leve impressão basta para a assustar…

 

Eu, por sabê-la assim, quando lhe escrevo, digo:

“– Minha querida mãe, não se aflija comigo.

Eu vou passando bem… Jesus vela por mim…”

 

É que assim, ela – a humana expressão da bondade –

Contente por saber que vou sem novidade

Jamais há de pensar que eu vá mentir-lhe assim…


CAROS LEITORES

Esta antologia é um velho projeto meu e gostaria que vocês participassem dele. Mas posso estar enganado quanto ao interesse que ela possa despertar em vocês, meus leitores, principalmente entre os jovens, se é que os tenho.

Preciso  saber claramente se esta seção (que seria permanente) lhes despertou interesse, se devo continuar publicando aqui os versos que me entusiasmaram no passado, ou se o que era “primeira linha” para mim já não faz sentido para vocês.

Por favor, deixem uma nota, curta que seja, um sim ou não já basta, mas não posso ficar na dúvida.

 

IVO BARROSO

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O ROMANCE DE MILTON

Meu conterrâneo de Ervália-MG, Milton Rezende, já produziu cerca de dez livros de poesia, dois ou três de ensaios e pesquisas, enfrentou a morte que o ameaçava com cirurgias malogradas e dela ressurgiu já pronto para enfrentar novos desafios, como este de escrever um romance. E não um romance comum, desses que contam uma história do começo ao fim, com personagens e diálogos definidos. Milton escolheu a mais sofisticada forma de narrativa que é o romance minimalista. Que vem a ser isto? Em miúdos, um texto em que nada acontece no sentido habitual de descrever um fato existente ou imaginado, leitura em que não se fica sabendo com clareza onde está o narrador nem o que está ocorrendo em seu redor, ou o que ocorrera antes ou poderá vir a ocorrer depois. Sabe-se, vagamente, que o autor da narrativa é um escritor que se considera fracassado, às voltas com um livro que não chega a terminar nem muito menos imprimir; que vive na dependência de um telefonema que não consegue dar nem receber e por isso se embebeda de inúmeras doses de cachaça que toma prosaicamente em xícaras de café. Mas aí é que está a grandeza do texto: esse solilóquio de um homem em busca de amor, a perseguir duas ou três (nomes de) mulheres, que não são descritas nem se sabe bem que papel representam na vida do narrador: esposa? ex-esposa? namorada? idealização? meros fantasmas?

É preciso ser um exímio prosador, ter-se um extenso domínio da língua para manter o leitor preso a esse desdobrar de um acontecimento que não acontece, ouvindo o monólogo de alguém que parece fora da realidade e cuja existência se resume num permanente estado de espírito de espera de não se sabe o quê. O leitor fica na expectativa permanente de que de súbito o telefone toque, que o poeta atenda, que identifique a interlocutora, que se saiba o que ela representa (ou representou) na vida do autor – enfim, aquele happy end que se espera dos livros, das novelas televisivas e mesmo da vida real. Mas Milton segura o pião na unha: nada de aberturas, de intimidades; tome divagação, tédio, indecisão, voltas e mais voltas sobre si mesmo.

O leitor chegado à literatura vai pensar logo em Camus ou num outro mestre da narrativa desintegrada; mas posso dizer que Milton foi além disso: conseguiu escrever todo um romance, numa excelente linguagem, sem recorrer aos acidentes e incidentes peculiares das narrativas. A “história” está toda, inteira, na elaboração da frase, no anti-fato, na negação do acontecimento. Um caminhar permanente no fim da navalha. Você não pode deixar de ler esse livro. É claro, acompanhado de inúmeras xícaras de… café!

Ivo Barroso

 

 

 

LITERATURA

BREVIÁRIO DE AFETOS

Conhecido como poeta e crítico literário, Ivo Barroso é essencialmente tradutor. Sua tradução da Poesia completa e da Prosa poética de Rimbaud está, sem favor algum, entre as realizações mais perfeitas de um autor francês para o português, e contam com a vantagem – que para outros seria descrédito – de figurarem numa edição bilíngue, extremamente vantajosa para o leitor comum. Não há dúvida que esse trabalho de tradutor teve diversos desdobramentos, a tal ponto que seu nome, além dos prêmios recebidos, é geralmente apreciado pelos teóricos da tradução, como Paulo Rónai. Aqui, porém, cuidaremos de outra faceta de Ivo Barroso. Breviário de afetos (São Paulo: SESI-SP editora 2107) compreende crônicas, entrevistas e postagens escritas com simplicidade e que, em alguns casos, surpreendem pelas “revelações” que contêm. O livro fala dos conhecimentos do autor, sobretudo os escritores brasileiros mais ilustres ou destacados, como Alceu Amoroso Lima, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Guimarães Rosa, Ferreira Gullar, etc., mas também do tradutor francês Didier Lamaison (que publicou, em dois volumes, traduções de poemas de Drummond) e se refere a outros tradutores, como o alemão Curt Meyer-Clason, e os brasileiros, Onestaldo de Pennafort e Milton Amado, que traduziu “ O corvo” de Edgar Poe.

Todos os textos de Ivo Barroso são redigidos sem a preocupação de exibir conhecimentos, o que aumenta o interesse que despertam. Seja nas recordações sobre escritores já falecidos, como Antônio Houaiss, Otto Maria Charpeaux, João Cabral de Melo Neto, (uma entrevista), Paulo Rónai, Melo Nóbrega, Antônio Carlos Villaça, Mário Faustino, Anísio Teixeira, seja quando aborda amigos e parentes fora da literatura, Ivo Barroso alcança um nível de empatia extraordinário, quase como se o leitor estivesse sentindo, ou até “vendo” a figura retratada. Em todos os tipos desenhados e/ou revividos, distinguem-se o perfil de Edgard de Vasconcellos Barros, incentivador do adolescente Ivo e o de seu tio Pedro, outro que também incentivava o jovem Ivo. E, acima de tudo, o belo texto sobre a namorada – e depois esposa – Sílvia, verdadeiro exemplo de prosa poética, no qual comemora o fato de já estarem casados há 60 anos! Ademais, convém igualmente referir os textos sobre Karlos Rischbieter, cuja devoção ao poeta Rilke o levou a traduzi-lo. A propósito, notem-se reproduções de textos seus ou alheios, sejam traduções de poesia, seja o prefácio redigido para um livro de Gullar. De todo modo, um volume de leitura imprescindível.

FERNANDO PY (Tribuna de Petrópolis, 19.01.2018)

***

                 ANTOLOGIA POÉTICA DA GAVETA

Quando eu era jovem (isto é coisa dos anos ’50), tínhamos a mania das coleções: grandes álbuns com marcas de cigarro, artistas de cinema, selos estrangeiros, etc. Os mais sensíveis, no entanto, costumavam carregar também um “Caderno de Poesias”, onde colecionavam os versos (românticos!) que mais apreciavam. Lembro-me que na folha de rosto do nosso havia a frase: Só poemas de primeira linha”. Lá estavam, seguramente, o Alceu Wamosy, com o seu “Ó tu que vens de longe, ó tu que vens cansada”; o Aníbal Teófilo, autor de um único soneto, “A Cegonha”, que terminava em “Ver a dúvida humana debruçada/ Sobre a angústia infinita de si mesma!”; o indefectível Júlio Salusse com os seus cisnes, “A vida manso lago azul algumas/ vezes, algumas vezes mar fremente”; sem faltar o Padre Antônio Tomaz, filosofando : “Quando partimos no vigor dos anos/ Da vida pela estrada florescente” e o sempre declamado Nilo Bruzzi a lamentar “Pobre de quem, como eu, vê que, infeliz,/ Teve todas aquelas que o quiseram,/ Mas nunca teve aquela que ele quis!…” Eram os nossos poetas exemplares, só mais tarde desbancados pelo Guilherme de Almeida e o Menotti Del Picchia, e finalmente esquecidos quando Manoel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade se impuseram. Quem hoje, com menos de 50 anos, ainda se lembra daquele (imortal?) “Nascemos um para o outro, dessa argila/ de que são feitas as criaturas raras?” Ah, fugit irreparabile tempus!

De primeira linha… Que vinha a ser isto? O senso estético já nos permitia, à época, afirmar que Menotti del Picchia era melhor que J. G. de Araújo Jorge e que Raul de Leoni e Olavo Bilac eram os grandes nomes da poesia sentimental. Mas, o que será, para a gente de hoje, um poeta de primeira linha? Com o advento da Internet bagunçou-se o conceito de poesia e qualquer semianalfabeto enche hoje as redes sociais com seus versos de pé quebrado ou mesmo versos sem pé nem cabeça alguns. Com isso os mais jovens vão perdendo a noção clássica do belo e do estético, ignorando os grandes poetas brasileiros do passado, mesmo os de um passado recente representado pelas correntes modernistas.

Nosso intuito aqui é o de trazer aos leitores da Gaveta aqueles versos que no passado nos encantaram e considerávamos  “de primeira linha”. Serão apenas amostras, sem grandes comentários, meras transcrições dos poemas em si. No máximo acrescentaremos, após o nome do poeta, as suas datas extremas, nascimento e morte, para que o leitor tenha uma noção de época. Sem biografia ou crítica literária, o poema valerá por si só e o gosto do leitor será o juízo final.

 

RAUL DE LEONI (1895-1926)

EUGENIA

 

Nascemos um para o outro, dessa argila

De que são feitas as criaturas raras;

Tens legendas pagãs nas carnes claras

E eu trago a alma dos faunos na pupila…

 

Às belezas antigas te comparas

E em mim a luz olímpica cintila.

Gritam em nós todas as nobres taras

Daquela Grécia esplêndida e tranquila…

 

É tanta a glória que nos encaminha

Em nosso amor de seleção, profundo,

Que (ouço ao longe o oráculo de Elêusis).

 

Se um dia eu fosse teu e fosses minha,

O nosso amor conceberia um mundo,

E de teu ventre nasceriam deuses…

 

Nota: O título do poema é paroxítono (nía) e diz respeito à ciência que trata das condições mais propícias à reprodução e melhoramento genético da espécie humana. (Aurélio). Se você já conhecia o poema, ótimo; se não, sai correndo e vá comprar a obra completa de Leoni (um único volume denominado “Luz Mediterrânea”). Não é possível falar de poesia brasileira sem conhecer essa obra, inteira. Há duas edições confiáveis: a 4ª. edição da Livraria Martins Editora (1946), belíssima em papel encorpado, azul, raridade bibliográfica, e a edição da Topbook, de 2000, criteriosamente organizada por Pedro Lyra).

Devo dizer que a influência de Raul de Leoni, sobre mim, era tamanha que lhe imitava, além do vocabulário e ambientação (Grécia, Roma), até mesmo o vezo de deixar a sexta sílaba sem icto, como se fosse um verso de pé quebrado. Eis um dos meus sonetos da época:

 

EGRESSO

Venho de longe… Sou daqueles dias

Em que se ergueu a Acrópole de Atenas.

Fui discípulo amado nas serenas

Peripateses das Academias.

 

Com Epicuro provei das alegrias

E do prazer das bacanais helenas

E Platão me ensinou, nas horas plenas,

A mais sublime das filosofias.

 

Formei entre os estetas das ideias,

Talhei com Fídias as panatenéias,

Fui sacerdote oracular de Elêusis…

 

Mas, seguindo da Sorte os maus caprichos,

Hoje vivo entre uns homens que são bichos,

Eu, que nasci no tempo em que eram deuses!

 

(Por favor, desculpem)

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