O poeta, escritor e tradutor Ivo Barroso morreu aos 91 anos, na última terça-feira (5). Ele estava internado na Casa de Saúde São José, no Humaitá, na Zona Sul do Rio.
Um dos maiores tradutores brasileiros, Ivo Barroso foi responsável por traduzir autores como Shakespeare, Edgar Allan Poe e Jane Austen.
Ivo do Nascimento Barrosos nasceu na cidade de Ervália, Minas Gerais, em dezembro de 1929. Aos 16 anos, ele se mudou para o Rio de Janeiro, morou 25 anos entre Portugal, Holanda, Inglaterra, Suécia e França onde retornou para o Rio onde viveu grande parte de sua vida.
Filho de um farmacêutico do município de Ervália, seu talento com as letras foi descoberto quando ainda era muito jovem. Escreveu a “Rapsódia Hervalense”, com poemas que retrataram o momento histórico da cidade. “A Biquinha” obra de 1953 foi perpetuada em uma placa na Capela da Biquinha.
Formado em Direito e em Línguas e Literaturas Neolatinas, Ivo trabalhou em algumas editoras e jornais importantes do Brasil, como o Jornal do Brasil e o Estado de S. Paulo, entre outras. Foi assistente do Editor das enciclopédias Delta-Larousse, Mirador e Século XX. Editor-adjunto do Suplemento Literário do Jornal do Brasil, da revista Senhor e de Poesia Sempre (da Biblioteca Nacional). Publicou mais de 30 traduções de grandes autores. Seus livros de versos, Nau dos Náufragos (1982) e Visitações de Alcipe (1991), foram ambos editados em Portugal, onde foi editor da revista Seleções do Reader´s Digest. No Brasil publicou A Caça Virtual e outros poemas (2001, finalista do prêmio Jabuti de poesia daquele ano), editado pela Record. Organizou os livros Poesia e Prosa, de Charles Baudelaire (Nova Aguilar, 1995) e À Margem das Traduções, de Agenor Soares de Moura (Arx Editora, 2003). Escreveu O Corvo e suas traduções (Nova Aguilar, 2000 – agora em 4ª edição, 2019, pelo SESI-SP) e Poesia Ensinada aos Jovens (Tessitura-BH, 2010). Foto de Sandra Mara Franca (2014).
O poeta foi responsável pela publicação de mais de 30 traduções de grandes autores, entre eles Shakespeare, Edgar Allan Poe e Jane Austen. Entre sua premiada e reconhecida obra como tradutor destacam-se a obra completa de Arthur Rimbaud, os sonetos de Shakespeare, autores como Charles Baudelaire, T.S.Eliot, Herman Hesse, Itálo Calvino, Itálo Svevo, Umberto Eco, André Malraux entre tantos.
Seu último trabalho foi o livro “O Pequeno Príncipe”, a fábula magistral de Antoine de Saint-Exupéry, com um sutil sabor brasileiro. (leia post aqui)
Em seus últimos Posts, ele escrevia muito sobre as memórias de sua infância em Ervália, e dos Irmãos Ney e Léa. Abaixo parte do poema A Morte das Horas, de Ivo Barroso de 1947.
A MORTE DAS HORAS
Quando passar o Tempo que me resta
No relógio-das-horas-do-Destino,
Meu pobre coração, qual velho sino
Que à tarde azul melancolia empresta,
Há de cantar, num dobre vespertino,
Toda a tristeza que não manifesta!
… Ah! um sol de outono a minha vida cresta!…
Adeus, último raio purpurino!…
leia completo:
ÉRAMOS QUATRO (Léa, Ivo, Ney e Lia)
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Descanse em paz, grande Amigo Ivo Barroso!
(1929 – 2021)
Fundamental e perene em nossa memória, na história de nossa literatura, a despertar o amor à literatura num mundo hostil. Que descanse em paz. Registro meus sentimentos aos familiares e amigos.
Querido senhor Ivo,
ficou só na promessa meu retorno ao Rio para conversarmos sobre a tia Jane. Mas esta esta gaveta e suas traduções serão uma forma de não perder o contato com sua obra e uma boa lembrança.
Siga em paz ao encontro dos seus que já se partiram. Meus sentimos para dona Silvia e seus familiares.
Sentirei muita falta da Gaveta. Descanse em paz.
Era sempre com muita alegria que eu encontrava na minha caixa de e-mail uma nova postagem da Gaveta do Ivo. Era um verdadeiro oásis de delicadeza e de uma erudição saudavelmente despretenciosa, daquelas que não existem mais no mundo cibernético, onde todos se sentem como celebridades. Ivo Barroso era, antes de tudo, um mineiro gente boa, que cedo deixou a pequena cidade de Ervália, ganhou o mundo e logo se destacou por onde passava, em função do seu contagiante amor e dedicação às letras. Seus escritos me emocionaram muitas vezes. Vou sentir a falta do seu blog. Que descanse em paz.
Descanse em Paz, mestre! Um exemplo de homem que acreditava nas Letras como forma de melhorar esse mundo. À família sinceras condolências… O mundo ficou mais escuro hoje.
Porém o céu se enche de luminosidade!
Descanse em PAZ!!!
Será recebido por Safo, para alegria dos poetas estelares! Um poeta maravilhoso, fino e perspicaz, estará sempre conosco, por sua obra espetacular! Meus sentimentos aos familiares. Até breve, Ivo!
Tio Ivo, o filho mais ilustre de Ervália, ganhou o mundo mas nunca perdeu suas raízes. E é na obra imensa que construiu que ele agora vive. Para sempre. Em nome das famílias Pimentel e Barroso, agradeço todas as homenagens e manifestações de pesar.
Quando a hora dobra em triste e tardo toque
E em noite horrenda vejo escoar-se o dia,
Quando vejo esvair-se a violeta, ou que
A prata a preta têmpora assedia;
Versos estes que nunca saem da minha memória, que tomaram 14 anos de trabalho amoroso e primoroso de Ivo! Vocé é realmente demais, Ivo!
Descanse em paz MESTRE!!! Uma grande perda para a família e para o mundo literário. Infelizmente não deu tempo dele autografar meu exemplar dos sonetos. Meus sentimentos à família e amigos. Sua obra e suas traduções serão eternas.
Meus sentimentos à família. Este blogue é um dos melhores do Brasil. Tive o privilégio de acompanhá-lo nos últimos anos, indo atrás das traduções do Ivo também em livro.
Meus sentimento a Sra. Silvia. Uma frase que me vem a cabeça nesse momento que acredito que o Ivo gostaria de pronunciar é – “Deixo para vocês o melhor de mim”. Um forte abraço para todos. Estou muito triste! Att, Fabrício.