A Gaveta está completando três anos hoje. Sujeita a ausências intempestivas, a férias sabáticas e a retiros sparituais é curioso que tenha sobrevivido ao desencanto, ao tédio ou à sensação de inutilidade de seu autor. De outras vezes a volta foi salva pela conclusão de que este é o local perfeito para depositar o lixo que guardo nas minhas estantes. Satisfaz-me a idéia de que posso mandar tudo que escrevo para a estratosfera ou para um espaço indefinido de nosso mundo cibernético. A Internet é a eternidade do presente, o lixão da história contemporânea em que tudo, absolutamente tudo pode ser jogado ali sem que haja montanhas de detritos aparentes ou malcheirosos.
Faremos a parada habitual por tempo indeterminado. Das outras vezes, os leitores continuaram consultando o blog, vasculhando a gaveta e encontrando, conforme o gosto, algum poema antigo ou uma borbulhante taça de champagne — autônomos, despreocupados, sem dar por nossa falta pessoal. Estamos certos de que a gaveta tem vida própria, não necessita de nossos aportes periódicos. Vez por outra um amigo ou mesmo um leitor desconhecido deixa um comentário num dos artigos e vibramos com a ilusão de que esteja havendo uma comunicação nossa com o público, a sensação de não estarmos falando sozinhos. Mas há momentos em que o silêncio dos leitores (amigos ou desconhecidos) em relação a assuntos que nos tocam mais de perto nos deixa sem ânimo, mergulhados numa desolação de auditório vazio. O comentário do leitor, inclusive e principalmente o supletivo, é a razão de termos ido até aqui, aos 3 anos, e a esperança de que ele se manifeste, até mesmo em nossa ausência, será sem dúvida uma razão para voltarmos.
Amigo Ivo:
Penso que todos os que mantemos um blog eventualmente sentimos o mesmo. Mas seguimos lançando nossas garrafas ao éter. De minha parte, continuarei a reler suas postagens. Abraço,
Acho que o que falta a seu blog é a divulgação que ele merece, Ivo. É – toda vez que tiver algo novo – dizê-lo a deus e ao mundo, como fazem, por exemplo, o Nilto Maciel com seu Literatura sem Fronteiras e o Fabrício Brandão, com Diversos Afins. Muitas vezes visito sua página e vejo que estou atrasado nas leituras que se acumularam e, é claro, teria vindo antes, se fosse notificado de alguma novidade,
Solha
Prezado Sr. Ivo Barroso,
Como um dos leitores desconhecidos, aguardo a sua volta. E esteja certo de que o seu auditório não está vazio, mas apenas aprendendo em silêncio.
Caro João Renato,
palavras como as suas têm o poder de me incentivar à volta. Mas motivos pessoais me obrigam a estar ausente uns dois ou três meses. Em todo caso, depois do que você disse, é certo que voltarei. Obrigado.
INB
a gaveta contém preciosidades inestimáveis. não me canso de recomendá-la.
Caríssimo Mestre,
Coragem e Esperança!
Sou mais um dos bons anônimos que amam esta Gaveta!
Aberta e presente há que deixá-la.
E que esses dois ou três meses de justificado retiro do Mestre sejam para nos devolvê-lo ainda muito melhor!
Ou, não?
Namastê,
Jeferson – Garoeiro
Obrigado meu anônimo amigo – o Garoeiro. A gaveta estará sempre aberta à consulta geral, mas espero reabri-la ainda este ano com assuntos bastante interessantes que guardava com carinho por me parecerem muito pessoais – mas vocês são meus confidentes.
Abraço grato,
Ivo Barroso
Parabéns e sempre aguardando sua volta!
Caríssimo Ivo Barroso,
Com este “Cais”, que aqui trago à Gaveta, a palavra de como desejamos que você volte:
Cais
Garoeiro – Bauru, 2 de julho de 2013.
[Para: Ivo Barroso, por sua Gaveta…]
No cordame deste cais,
Mar alto meu barco espia:
Em navegação jamais
Há de singrar o seu dia…
Nossos sonhos musicais,
Em tudo o mundo esvazia;
Somente a memória traz
O silêncio que alivia…
Hoje, o porto é dos pardais,
Do marulho, a Poesia:
Canto já não sabe mais,
Porém, velha, arrulha e pia…
Caríssimo Ivo,
A partir de 2 de setembro também hei de reabrir meu Blog, desde abril interditado, por conta dum tenebroso tratamento de dentes…
Voltarei com mais determinação, solicitude e amor…
Que é o que todos nós esperamos de seu breve regresso, ainda mais, quando aqui lemos na sua promessa: “…assuntos bastante interessantes que guardava com carinho por me parecerem muito pessoais…”
Ah, meu estimado Mestre: é tudo o que nós queremos!
Viva a escolha dos que voltam!
Cada vez mais raros…
Garoeiro