De uns tempos para cá, entrou para o vocabulário elegante a palavra sabático. Decerto por influência do inglês, via universidades. Mas parece que pegou mesmo, e até artistas da televisão andam tirando suas férias sabáticas, entre uma novela e outra. Pois vamos a elas…
A Gaveta está completando hoje um ano. Foram 143 posts, inicialmente diários, depois bissemanais e finalmente na base do “querendo-deus”, ou “ao calhas”, como se diz sutilmente em Portugal. Vamos fechar agora a gaveta por uns tempos, mas sem trancá-la de todo pois os consulentes erráticos podem à vontade remexer em seu conteúdo de postagens antigas. Não haverá matérias novas, por enquanto. Aliás, os textos da gaveta quase nunca eram novos; em geral reedições de artigos e resenhas já publicados em jornal, remanejo de antigas anotações, breves impressões de leitura — uma forma de preservar papeis que serão fatalmente atirados ao lixo por alguém (não por mim, que os guardo avidamente, como fazia minha avó, para quem tudo poderia ser necessário algum dia). Essas postagens me davam algum prazer, principalmente o de imaginar que estava salvando alguma coisa para mim, ainda que sem valor para os demais. Alguns amigos deixaram comentários, o que me deu a sensação de não ter falando de todo para o vento. Dei um pouco de alegria a alguns e não tive nenhuma tristeza entranhada que umas boas férias não pudessem delir.
Na Casa Velha de Ervália, onde minha avó viveu, havia uma mesa enorme na sala de jantar, um antigo relógio na parede e, ao fundo, o filtro FIEL — imponente pedestal com uma grande pedra porosa pela qual passava a água, recolhida embaixo num pote alto com torneirinha; ao lado dele, um copo de prata para servir a todas as pessoas da roça que, depois da missa de domingo, vinham tomar água em casa de Dona Maria Pimentel. A mesa tinha uma gaveta imensa com dois puxadores pendentes e, lá dentro, retratos antigos, contas diversas, papeis avulsos e tudo o que minha avó insistia em guardar. Aquelas fotos antigas e desbotadas, sim, dariam assunto. O relógio deu: fiz vários sonetos sobre ele; o filtro também (e até me lembro de uns versos: No silêncio da sala, gota a gota/ transborda o filtro. A intermitente nota/ fura-me o cérebro, o pingar me vidra,/ me ataca os nervos a estranha clepsidra…) É verdade, as gavetas poderiam dar assunto, principalmente essa da casa de minha Avó. Mas já não escreverei sobre a casa, que foi demolida, nem sobre as gavetas que desapareceram. Talvez fale (fiquei devendo) sobre o meu primeiro livro impresso, em que a relembro, o “catecismo” que dediquei à minha Avó. Será um bom pretexto para (se eu) voltar.
Puxa, Ivo, criar 143 posts em um ano, com a qualidade e a inspiração que nunca lhe faltaram, só mesmo tirando férias sabáticas. Aproveite, descanse
e volte para contar ou recontar achados e perdidos da gaveta da. Da. Maria Pimentel. Grande abraço em nome de seus amigos e leitores,
CTrigueiro.
Grande Ivo, a solidão que me vai causar é estranha, pois nem o conheço pessoalmente. Mas sua ausência, a tristeza de ficar sem abrir sua Gaveta por uns tempos, talvez definitivamente, vai deixar bem mais pobre essa minha vidinha que já não é lá essas coisas todas. Um abraço de aeroporto e de cais de porto, amigão.
Caro Ivo
vai nos deixar saudades. Eu tb entrei em férias sabaticas por causa da saúde,minha e do meu pai.
com apreço e amizade
Eric
viva, parabéns pelo belo aniversário! bom descanso, e aqui ficamos ansiosos à espera de seu retorno!
Prezado Ivo,
Sou cantor e compositor e musiquei um dos poemas que você traduziu no
“Poesia Completa” de Rimbaud. Alguma chance de eu poder gravá-lo?Aguardo algum contato seu.
Att.,
Mariano Tavares
Oi, Mariano,
como estou ausente, só agora vi sua mensagem. Preciso ver e ouvir a sua composição para ter uma ideia. Vc pode me mandar por e-mail?
Abraços,
INB
Olá, Ivo,
sim, certamente posso enviar a canção por e-mail. Mas não consegui encontrar seu endereço disponível no blog. Você pode enviar para marianotavares@gmail.com?
Um forte abraço,
Mariano Tavares
Ivo, sou um leitor atento de seu blog há mais de um ano, mas, apenas hoje, ao retornar aqui, tomei consciência de uma enorme coincidência. O meu avô também nasceu em Ervália e no ano de 1928, ele se chamava Geraldo Paiva, filho de Alencar. Bem, estou muito espantado com a coincidência, visto que tenho 22 anos e há muito tempo que sou um grande admirador seu. Como a cidade era muito pequena, possivelmente vocês se conheceram. Moro no Rio e gostaria de conversar com você sobre o assunto. Um grande abraço, João.
João,
mande-me seu e-mail que responderei. Abraços, Ivo de Ervália
Caro Ivo, que boa notícia, responda-me sim. Meu e-mail é: paiva.guilherme@gmail.com
Um abraço,
João Guilherme
Visito esse blog todos os dias na esperança de que o Ivo tenha voltado. Muitos foram os momentos de prazer e os aprendizados que tive aqui. Espero que volte um dia.
Abraço, Ivo.
Caro Roberto,
é possível que o blog volte depois do Carnaval, embora meio ressaqueado…
Ivo, acredite: essa é uma notícia que me deixa muito feliz. Certamente estarei aqui para recepcioná-lo. Grande abraço.
Ivo você é eternal
Tem como fazer contato com alguém desse blog ainda? Agradeço pela atenção desde já! (tenoresdeminas@hotmail.com)
Gilmar,
claro, apesar de estarmos em férias temos o maior prazer em contactar com os nossos leitores.
Meu e-mail é ivo.barroso@infolink.com.br
INB