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Posts Tagged ‘The Rock’


Fundada em 1948 por Saldanha Coelho, a Revista Branca desempenhou um papel de alta relevância cultural em sua época, embora destinada a um pequeno grupo de leitores que tinham Marcel Proust como a expressão máxima da literatura universal. Consciente de sua restrita divulgação em território nacional, a revista se pretendia destinada a divulgar nossos escritores no exterior, tanto que se anunciava na contracapa como um órgão trimestral em cinco línguas. Na verdade o que ocorria era aparecer um artigo em português acompanhado de tradução em uma das línguas mencionadas (espanhol, francês, inglês ou italiano) ou artigos originalmente escritos em língua estrangeira com sua respectiva tradução em português. Creio que foi em suas páginas, em 1955, que publiquei minha primeira colaboração na imprensa da capital e surpreende-me agora ver que se tratava nada menos que de Eliot! Não me lembro como cheguei até lá nem se fui levado por alguém, mas certamente que por indicação de meu velho amigo Bráulio do Nascimento (na época um dos diretores da revista), pois trabalhávamos juntos na Editora Delta. A ele fico muito grato por ter conseguido exumar de seus arquivos esta tradução que eu julgava definitivamente perdida.

 

The Eagle soars in the summit of Heaven

 

T. S. Eliot

The Eagle soars in the summit of Heaven.

The Hunter with his dogs pursues his circuit.

O perpetual revolution of configured stars,

O perpetual recurrence of determined seasons,

O world of spring and autumn, birth and dying!

The endless cycle of idea and action,

Endless invention, endless experiment,

Brings knowledge of motion, but not of stillness;

Knowledge of speech, but not of silence;

Knowledge of words, but not of the Word.

All our knowledge brings us nearer to our ignorance,

All our ignorance brings us nearer to death,

But nearness to death no nearer to God.

Where is the Life we have lost in living ?

Where is the wisdom we have lost in knowledge?

Where is the knowledge we have lost in information?

The cycles of Heaven in twenty centuries

Bring us farther from God and nearer to the Dust.

(From “The Rock”- Corus part)

 

A ÁGUIA SE ERGUE NOS CONFINS DO CÉU

A Águia se ergue nos confins do Céu.

O Caçador com seus cães persegue-lhe o circuito.

Ó perpétua revolução de estrelas configuradas,

Ó perpétua recorrência de determinadas estações.

Ó mundo de outono e primavera, nascimento e morte!

O ciclo interminável da ideia e da ação,

Invenção perene, perpétua experiência,

Traz a noção do movimento, mas não a do repouso;

A ciência da fala, mas não a do silêncio;

A ciência das palavras, e a ignorância da Palavra.

Todo o nosso saber nos aproxima de nossa ignorância,

Toda a nossa ignorância nos acerca da morte,

Mais próximos da morte, e não mais perto de Deus.

Onde a Vida que perdemos no viver?

Onde a sabedoria que perdemos no saber?

Onde o saber que perdemos na informação?

Os ciclos do Céu em vinte séculos

Nos afastam de Deus e nos acercam do Pó.

Tradução de Ivo Barroso


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