SONETO DA JUVENTUDE (1943) DE IVO BARROSO
Que mascara usarei na fantasia
de mais um dia que se vai? eu, que uso
uma face diversa cada dia,
que mais difunde meu perfil difuso?!
Estranhas mutações em mim produzo;
mas, apesar da face fugidia,
que tédio o meu, ao ver que me conduzo
exatamente igual ao que seria!…
E ao romper, cada noite, o meu disfarce
que tanto êxito fez, a alma abatida
vê que não paga a pena mascarar-se
e que aspira, fremente, para si,
ter realmente vivido aquela vida
que os meus amigos pensam que vivi.
Belo soneto, Ivo. Sempre achei que deveria criar alguma coisa em cima da teoria das personas, do Jung, mas não há como melhorar o que v. fez.