TRADUZIDOS POR IVO BARROSO
EU OUÇO A AMÉRICA CANTANDO
WALT WHITMAN (1819-1892)
Ouço a América cantando, os variados cânticos que eu ouço,
O dos mecânicos, cada qual cantando o seu como devia ser alegre e forte
O carpinteiro cantando enquanto mede a prancha ou a viga
O pedreiro cantando o seu quando vai ao trabalho ou volta dele,
O barqueiro cantando o que é seu em seu barco, o grumete cantando no convés dos vapores,
O sapateiro cantando ao sentar-se na banqueta, o chapeleiro ao levantar-se
A canção do lenhador, a do camponês saindo de manhã, ou na pausa da tarde ou quando o sol se põe,
O adorável cantar da mãe, ou da jovem esposa no trabalho, ou da moça lavando roupa ou na costura,
Cada qual cantando o que lhe diz respeito e nada mais.
Ao dia o que pertence ao dia – à noite a algazarra dos jovens, vigorosa e afável
Cantando a viva voz suas fortes canções melodiosas.
EU TAMBÉM CANTO A AMÉRICA
LANGSTON HUGUES (1902-1967)
Eu, também, canto a América
Sou aquele irmão de cor
Que mandam comer na cozinha
Quando chegam visitas
Mas eu rio
E como bem
E cresço forte
Amanhã
Estarei à mesa
Quando as visitas chegarem.
E ninguém ousará
Me dizer
“Vá comer na cozinha,”
Então.
Além disso
Verão o quanto eu sou bonito
E ficarão envergonhados –
Eu, também, sou América.
Caro Ivo, meus parabéns pela tradução de dois poemas fundamentais à compreensão do panorama da literatura estadunidense. Como sempre, seu trabalho é primoroso e digno de admiração. Apenas gostaria de pontuar que falta, à tradução de “I hear America singing”, incluir o terceiro verso. Nada que não seja facilmente resolvido.
Obrigado, Letícia, pelo incentivo e a correção. Já incluí o verso que estava faltando:
O carpinteiro cantando enquanto mede a prancha ou a viga
Abraços gratos,
Ivo Barroso