PÃO NOSSO
Amanhã nosso pão terá pedra — e o comeremos.
Ao parti-lo, amanhã, nosso pão será de pedra
e o comeremos.
Ao se partir em dois, o pão que a nossa fome espera,
será pedra,
e o comeremos.
Pois aceitar é o que estamos
fazendo neste dia, pois aceitar
é o que viemos fazendo nos dias
que antecederam mais um, que é este dia;
pois aceitar é o que vamos fazendo sem sentir
como quem come a pedra em vez do pão
pensando o pão.
Partindo-o, partiremos um seixo apenas,
um seixo, afinal, que em vez de atirá-lo
— comeremos.
Lamentavelmente, é bem a verdade…
As pedras. Meu ímpeto primeiro é sempre jogá-las de volta. Mas tenho mastigado algumas. Não é de todo mau. O sabor de controlar alguém é adrenalina também.
Esse seu poema é excelente – pela forma e pelo conteudo, que põe como parábola o nosso conformismo forçado. Podemos atirar pedras em tanques, mas e em Deus?
Solha