ACALANTO
Hoje dormirás a noite dos rios silenciosos
fluindo no tempo
as mornas águas do verão desfiando
os cabelos noturnos
por entre os velhos paredões da ponte.
A noite descerá dos eucaliptos
prenunciada pelas primeiras folhas
devolvidas ao solo.
Mas não haverá serenatas:
isso implicaria o passado
e a voz que tece aos teus ouvidos
vem mais da certeza do amanhã
que de murmúrios confundidos
em tramas de luar e vozes tristes.
Onde estarei em tua noite,
morta que foi a última estrela?
Onde estarei depois dos longos caminhos,
se me obstino em ter os rosto voltado para a frente?
A rua da província corre com o vento
para os altos descampados;
e este poste que fura um túmulo de luz
na noite sem mistérios
devolve a minha sombra aos teus domínios lentos
quase desfeitos na névoa do sono
que te cobre.
WIEGENLIED
Heute wirst du die Nacht der stillen Flüsse durchschlafen
die in der Zeit fliessen
die milden Gewässerdes Sommers
welche die nächtlichen Haare
zwischen den alter Brückenmauern herausfordern.
Die Nacht wird von den Eukalyptusbäumen herabsteigen
angekündigt von den dem Erdboden
zurückgegebenen ersten Blättern.
Es wird aber keine Serenaden geben:
dies würde die Vergangenheit einbeziehen
und die Stimme die deinen Ohren zusingt
kommt stärker aus der Gewissheit vom Morgen
als aus dem Gemurmel
gemischt aus Mondgewebe und traurigen Stimmen.
Wo werde ich in deiner Nacht sein,
da der letzte Stern tot ist?
Wo werde ich nach den langen Wegstrecken sein,
wenn ich darauf beharre das Gesicht vorwärts zu richten?
Die Strasse der Provinz läuft mit dem Wind
auf die Hochebenen zu;
und dieser Pfosten der ein Grabmal aus Licht
in der Nacht ohne Geheimnisse durchbohrt
gibt meinen Schatten deinen langsamen Besitztümern zurück
fast aufgelöst im Nebel des Schlafs
der dich bedeckt.
ÚLTIMA CARTA
Te ofereço Abril —
Abril subindo as escadas noturnas
onde o silêncio acumulou as heras do longínquo
Abril fitando um céu fluorescente
debruçado em sacadas e colunas.
Te ofereço a minha paz —
Este modo tranqüilo de ser
como um pôr-do-sol na minha terra.
Te ofereço o antiqüíssimo crepúsculo,
a tradição dos relógios antigos
e a doce alegoria dos cartões-postais.
Te ofereço esta árvore, tão provinciana,
que ainda sabe amadurar seus frutos
entre sombras e pássaros.
Tudo o que a tua infância não provou
e que a tarde como um canto rememora.
Mas não aceites nada —
que isso são coisas tristes do passado
e eu prefiro o teu sorriso
em que os dias eternos se renovam.
LETZTER BRIEF
Ich biete dir April –
April der die nächtlichen Treppen ersteigt
wo die Stille den Efeu der Ferne anhäufte
April der einen blühenden Himmel betrachtete
gelehnt an Erker und Säulen.
Ich biete dir meinen Frieden –
Diese stille Art zu sein
wie ein Sonnenuntergang auf meinem Stück Land.
Ich biete dir das Geschenk der Abenddämmerung,
die Überlieferung der uralten Uhren
und das sanfte Sinnbild der Postkarten.
Ich biete dir diesen Baum, den so provinziellen,
der noch seine Früchte
zwischen Schatten und Vögeln zu reifen versteht.
Alles was deine Kindheit nicht erprobte
und woran der Abend wie ein Lied erinnert.
Aber nimm nichts an –
denn dies sind traurige Dinge der Vergangenheit
und ich ziehe dein Lächeln vor
in dem die ewigen Tage erneuern.
Mestre Ivo
dois belos poemas.
abs
Eric
[…] o leitor desta Gaveta poderá encontrar aqui uma notícia e duas de suas versões de meus poemas aqui e aqui, além do conto “Roteiro Turístico”, que ele também traduziu aqui. Vertendo para o […]