Henry Thomas, o irmão dileto
A redação do (primeiro) epitáfio de Jane Austen foi devida a seu irmão Henry Thomas (1771-1850), que também oficiou como ministro calvinista nos funerais da irmã.
Diversamente da de Jane, a vida de Henry foi sempre cheia de acontecimentos surpreendentes. Quatro anos mais velho que ela, 4º filho do casal George e Cassandra Austen, Henry formou-se em Oxford, onde foi editor e colaborador da revista literária The Loiterer. Na Universidade, juntou-se à Milícia de Oxfordshire, da qual chegou a capitão, antes de resignar em 1801. Depois de fazer o mestrado em artes, ainda em Oxford, casou-se, no ano seguinte (1796), com sua prima Eliza de Feuillide, viúva de um nobre francês. O marido desta, o conde de Feuillide, durante a Revolução Francesa, ao tentar a defesa de seu amigo, o marquês de Marlboeuf, acabou sendo igualmente guilhotinado.
Quinze anos mais velha que Jane, Eliza quando jovem costumava passar suas férias em Steventon, onde escrevia e interpretava pequenas peças teatrais com as primas e os primos. Por meio dela, é que Jane se instruía dos usos e costumes da nobreza, utilizando essas informações para esboçar às vezes personagens um tanto grotescos que afetavam ares nobiliárquicos. Tornando-se viúva, Eliza passou a conviver com os Austen, e acabou despertado os interesses amorosos dos irmãos Edward e Henry, mas como o primeiro era pastor anglicano e ficara recentemente viúvo, a escolha recaiu sobre Henry, ainda solteiro e prestes a se tornar banqueiro. Após o casamento, as irmãs Jane e Cassandra visitavam com frequência o casal em Londres, até a morte de Eliza em 1813.
Incentivador da atividade literária de Jane, foi Henry quem negociou, em 1803, a venda dos originais da novela “Catherine”, ao editor Crosby, que no entanto não chegou a publicar o livro. Doze anos mais tarde, já residindo em Londres, Henry, a pedido da irmã, conseguiu reaver o manuscrito, que, retrabalhado, veio a ser “A Abadia de Northanger”, infelizmente só publicado, por ele, depois da morte de Jane.
As atividades empresariais de Henry permitiam-lhe contribuir para o sustento da mãe e das irmãs depois da morte do pai, mas em 1816 o banco de que era sócio entrou em falência, e ele, por vocação de família, acabou se ordenando prelado e indo exercer sua carreira de cura precisamente em Chawton, na paróquia em que outrora oficiara seu pai. Um ano depois, estaria oficiando a cerimônia fúnebre da irmã.
O segundo epitáfio, gravado numa placa de bronze e colocado em 1872 logo abaixo da primitiva lápide negra da Catedral de Winchester, é atribuído ao sobrinho James Edward Austen-Leigh (1798-1872), que publicou dois anos antes um livro intitulado “Memórias de Jane Austen”. Hoje ocupa lugar de destaque em un nicho daquela Catedral.
Da família de Jane Austen, Henry me parece ser o mais interessante para completar, ele admirava Henry Crawford… (meu fraco, eu sei!)
interessantíssimo! é o tipo de coisa que contribui imensamente para compor o quadro geral e o pano de fundo da produção literária de JA.